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Terra dos pés vermelhos

Um passeio pelo Norte do estado, sua terra e sua gente retratados em cada um de seus cartões postais.

30/03/2020

Isabela Mattiolli*

 

Primeiro veio o Norte Velho
ou Pioneiro, e a partir daí
um milhão de oportunidades
se abriram. Como as
clareiras desbravadas pela Companhia
de Terras do Norte do
Paraná e seus pioneiros colonizadores,
um novo Norte surge pelo
caminho, a Eldorado dos contos
de outrora reluz pela terra vermelha,
como promessa de uma vida
melhor para os que o escolheriam
como morada.

O Lago Igapó, um dos principais cartões-postais de Londrina (Crédito imagem: Acervo Sebrae/Wilson Vieira)

A história do Paraná, sua grandeza
e franco desenvolvimento, está gravada em cada um dos municípios
que compõe a região Norte do estado. Percorrê-los é uma garantia de
encontro com o outro e consigo mesmo, indo de cachoeiras aos locais
de peregrinação do turismo religioso; da arquitetura moderna à mata
atlântica preservada; do ambiente para bons negócios aos almoços em
família. A diversidade do paranaense, sua cultura plural e seus costumes
herdados ou construídos são convites para desvendar a região.

UM NORTE

Fundada em 1934, Londrina soma hoje mais de 500 mil habitantes,
sendo a segunda maior cidade do estado. Importante polo cafeeiro do
Norte paranaense, a cidade cresceu e se desenvolveu graças às características
ambientais de um solo extremamente fértil e propício para a
produção agrícola, sem perder de vista um olhar apurado sobre o meio
ambiente que a rodeia, a começar por seus principais cartões-postais: o Lago Igapó, o Jardim Botânico, o Parque Arthur Thomas, e o Bosque
Estadual Marechal Cândido Rondon.

O Pico Agudo, em Sapopema, é o local ideal para os amantes da natureza. (Crédito imagem: Augusto Junior)

Não muito longe dali, a menos de 20km da cidade, indo pela PR-538, o
Parque Estadual Mata dos Godoy revela uma das últimas áreas da Mata
Atlântica preservadas na região. São aproximadamente 700 hectares de
mata nativa, sendo apenas 10% aberta para os visitantes, que podem
conhecê-la por três trilhas distintas. O olhar sensível em prol do meio
ambiente veio da família Godoy, antiga proprietária de uma das principais
cafeeiras da região, a Fazenda Santa Helena, em produção entre os
anos 1940 e 1970. Desde 1989 ela foi transformada em Parque Estadual
e aberta para visitas a partir de 1995, administrada pelo Instituto Ambiental
do Paraná (IAP).

No distrito de Lerroville encontra-se outro ponto turístico, o Salto
do Apucaraninha. A cachoeira de
116 m de altura está localizada a
80km de Londrina, fazendo divida
com o município de Tamarana,
dentro da reserva indígena de etnia
Kaingang. O visitante precisa
de autorização da Funai e o acesso
é feito pela PR-445 até o distrito,
onde sai a estrada rural que dá
acesso a cachoeira e ao mirante
para melhor apreciá-la.

A 125km de Londrina, o município
de Sapopema também é a
escolha certa para os amantes da
natureza. Para chegar basta pegar
a saída para Ibiporã e, depois do
município de Jataizinho, seguir
pela PR-090. A Toca da Buzinha,
a Cidade de Pedra, o Salto das Orquídeas
e o Pico Agudo são atrativos
de tirar o fôlego, literalmente!

Outro passeio imperdível pela região
é a Colônia Polonesa de Warta, distrito de Londrina. Parada obrigatória
quando o assunto é rota do café, a Casa Müller conta com atrativos
como a vinícola e a produção de frutas silvestres.

O Museu da Imigração Japonesa, em Assaí. (Crédito Imagem: Prefeitura de Assaí)

A região também é conhecida por ter uma das maiores colônias japonesas
no Brasil, a cidade de Assaí, localizada a 45 km de Londrina com
acesso pelas PRs-090 e 442. O Museu da Imigração Japonesa está instalado
dentro do imponente Castelo Japonês, obra erguida para celebrar
os 110 anos da imigração japonesa no país. Destaque para as festividades
como o Bon Odori e a Tanabata.

Para quem quer curtir o movimento urbano da cidade, Londrina é recheada
de atrativos que vão de bares alternativos a restaurantes badalados, da gastronomia
internacional à baixa-gastronomia – uma das minhas maiores saudades
da cidade no período em que cursava a pós-graduação em Comunicação
Organizacional, pela Universidade Estadual de Londrina.
A cena cultural também é bastante
movimentada.

O Sesc Cadeião Cultural, em Londrina, mantém um café-escola do Senac. (Crédito imagem: Ivo Lima)

A cidade é celeiro
de músicos e artistas. O Festival
Internacional de Londrina (FILO)
é um evento que atrai grande público
no mês de outubro. Outras
opções culturais que merecem
uma visita são o Cine Teatro Universitário
Ouro Verde, o Museu
Histórico de Londrina e o Sesc
Cadeião Cultural, que tem uma
programação bem diversificada
no campo das artes e ainda conta
com um Café-escola do Senac PR.

O Teatro Municipal Geraldo Moreira, em Bela Vista do Paraíso, retomará suas atividades culturais como unidade do Sesc PR.

Nas proximidades a cidade de Bela
Vista do Paraíso está prestes a reinaugurar
o Teatro Municipal Geraldo
Moreira, que retomará suas atividades
culturais após mais de dez
anos fechado. O espaço, doado pela
Prefeitura ao Sesc PR, está em processo
de revitalização para se tornar
unidade cultural da entidade.

Se o propósito são os negócios a
Expolondrina é um ótimo chamariz.
Lembrando que Londrina possui
aeroporto com voos ligando as principais capitais, além de pode ser
acessada pelas vias: BR-376, BR-369, PR–090, PR-437 e PR-170.

ILHA DO SOL

O município de Sertaneja, a 70km de Londrina, é uma das grandes promessas
da região quando o assunto é turismo. Com população de pouco
mais de cinco mil habitantes, a cidade detém maior área da Represa
Capivara, formada pelos rios Tibagi e Paranapanema. É ali onde emerge
a Ilha do Sol, localizada em meio à represa – uma região supervalorizada
para investimentos imobiliários.

A Ilha está prestes a inaugurar um grande empreendimento turísticos: o
Hard Rock Hotel. O grupo Venture Capital Investimentos (VCI), que representa
a rede no Brasil, investiu pesado na região aproveitando a estrutura
inacabada do Maluí Resort, lançado em 2010, como condomínio de
alto-padrão.

O empreendimento deve ser inaugurado até o próximo ano e contará
com 299 quartos e suítes, com atrativos característicos da rede famosa
pelos hotéis em Punta Cana (República Dominicana), Cancún (México)
e Orlando (EUA). A parte gastronômica contempla três restaurantes –
um deles assinado por um chef de renome; três piscinas; um lago de água
termal a 460 C e ampla área de eventos, com capacidade para atender
mil hóspedes/dia. A construção do resort ainda prevê área para shows e
palco flutuante.

O Parque do Ingá e as lembranças da minha infância. (Crédito imagem: Giovana Ticianel – PRefeitura de Maringá)

CORREDOR DAS ÁGUAS

“Maringá, Maringá/ para havê felicidade/
é preciso que a saudade/
vá batê noutro lugá”. O estribilho
de Joubert de Carvalho entoou a
construção daquela que receberia
o apelido de Cidade Canção.
Maringá foi planejada pela Companhia
Melhoramentos Norte do
Paraná e inaugurada em 10 de
maio de 1947, como distrito de
Mandaguari, para se emancipar
quatro anos depois. Ela está situada
no Noroeste do estado, na
região chamada de Corredor das
Águas ao lado de outros 35 municípios.

As avenidas largas e arborizadas podem ser identificadas até pelos mais
desavisados que circulam por suas calçadas, praças e ciclovias recém-revitalizadas.
A qualidade de vida da população, que soma mais de 425
mil habitantes, é outro marco do município que inspira e expira ar puro
dos seus parques, bosques e hortos. Caso do Parque do Ingá, Bosque II,
Horto Florestal e Parque das Grevilhas.

Catedral Basílica Menor Nossa Senhora da Glória. (Crédito imagem: Murilo Ribas)

O Parque do Ingá guarda uma das minhas lembranças mais antigas
de menina. Aos domingos íamos visitá-lo, olhar de perto a antiga
Maria Fumaça, os quatis, o leão, andar de pedalinho, ler o nome das
árvores e tomar caldo de cana. Também podíamos fazer piquenique
– sem alimentar os animais –, passear pelo jardim japonês, imitar o
som das araras, olhar para a copa das árvores e balançar os braços
tentando alcançar o inalcançável.

Em passadas largas, do Parque do Ingá íamos até a Catedral Basílica
Menor Nossa Senhora da Glória, subir as escadarias intermináveis
correndo, perder o fôlego no meio do caminho, e seguir para ter
uma das vistas mais lindas da cidade através daqueles quadradinhos
estilo cobogó. Ao redor da igreja, o extenso gramado ganha vida
própria, com crianças brincando, pessoas praticando algum tipo de
esporte, dança, capoeira. Nesse espaço democrático a cidade ganhou
mais um atrativo turístico nos últimos anos: o Natal Luz, que movimenta
a região no fim do ano.

Na praça, logo à frente da Catedral, as Festas da Canção e das Nações
são outros pontos de encontro para a população e para os turistas,
atraídos pelas iguarias multiculturais – um demonstrativo da cultura
local formada por diversas etnias. A festa junina do Centro Português
também é conhecida na cidade pelo bolinho de bacalhau sem igual, os
pastéis de nata, o vinho verde e a
apresentação artístico-cultural do
grupo Os Lusíadas.

Os japoneses também têm vez na
cidade, que concentra uma grande
colônia no interior paranaense.
É na Acema que durante o mês de
agosto é realizado o Festival Nipobrasileiro,
um resgate da cultura
oriental com apresentações de
música, dança e comidas típicas.

O Parque do Japão, em Maringá, foi construído em homenagem ao centenário da imigração. (Crédito imagem: Prefeitura de Maringá)

O Parque do Japão e o templo budista
são outras atrações que merecem
uma visita.

GASTRONOMIA E
EVENTOS

Assim como Londrina, a baixa-gastronomia maringaense é um
atrativo à parte. O famoso lanche
prensado ou no bom dialeto local:
“cachorrão” pode ser elaborado
da forma mais simples até conter
os recheios mais inusitados, tudo
a gosto do freguês, nos carrinhos
espalhados em quase todas as esquinas
da cidade.

Na região, o ecoturismo também se
destaca, caso do Salto do Rio Pirapó,
localizado em Colorado, e o Salto
dos Bandeirantes em Santa Fé,
assim como as festas populares das
cidades vizinhas e de seus distritos.

O Carneiro no Buraco, comida típica de Campo Mourão, é uma das iguarias mais tradicionais da região. (Crédito imagem: Ivo Lima)

A Festa da Leitoa no Tacho, de Lobato,
para prestigiar os familiares; o
Carneiro no Buraco, em Campo Mourão; a Festa da Uva de Marialva, entre
outras tantas comidas típicas da região.
Outros dois eventos que merecem atenção são a Expoingá, em maio, e
o Festival de Música Cidade Canção, o Femucic, este último realizado
pelo Sesc PR em parceria com a Prefeitura com mais de quatro décadas
de história. Para chegar é fácil, a cidade possui aeroporto com voos regulares
e pode ser acessada saindo da capital paranaense pela BR-376.

Também no chamado Corredor das Águas encontra-se o Parque
Nacional da Ilha Grande, cuja extensão percorre nove municípios.

Balneários, praias artificiais, cachoeiras e outros atrativos turísticos
aquáticos são encontrados na região do corredor. Destaque para a cidade
de Querência do Norte, conhecida
como Pantanal Paranaense,
rica na produção de arroz,
onde há o encontro dos rios Ivaí
e Paraná, além de Porto Rico e
São Pedro do Paraná, com suas
prainhas de água doce.

Em Iretama, a 135 km de Maringá,
o resort Jurema Águas Quentes
é considerado o maior destino
turístico termal do sul do país. As
águas de todo o complexo emergem
a 42ºC, e o espaço conta
ainda com ampla infraestrutura,
incluindo spa, apartamentos e
centro de eventos.

Cachoeira da Fonte, em Faxinal. (Crédito imagem: Prefeitura de Faxinal)

VALE DO IVAÍ

Um pouco mais abaixo do mapa do
Paraná, o Vale do Ivaí é formado
por 13 municípios, sendo Apucarana
o maior deles. A região, banhada
pelo Rio Ivaí, é conhecida como importante
destino do turismo religioso.

É em Lunardelli que se encontra
o Santuário Santa Rita de Cássia, local de romaria que recebe milhares de
pessoas ao longo do ano, principalmente durante as festividades em homenagem
à padroeira, no mês de maio.

É na região que acontece a Caminhada Internacional na Natureza em
Lunardelli entre Borrazópolis; onde está instalado o Castelo Eldorado,
em Marilândia do Sul; as 108 cachoeiras de Faxinal; a Pedra do
Cavalinho, no município de Grandes Rios, e o sorvete de mandioca,
iguaria bastante apreciada em Rosário do Ivaí. A Rodovia do Café
(BR-376) é uma das vias de acesso ao Vale do Ivaí, assim como a BR-
272 e a BR-277.

 

* * * * *

*Isabela Mattiolli é pé vermelho de Colorado, com coração Maringaense, lá cursou Jornalismo; em Londrina pós-graduou-se em Comunicação Organizacional pela UEL, e adotou a capital paranaense como morada há nove anos.

 

Publicado por Silvia Bocchese de Lima

30/03/2020 às 14:47

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