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Agosto continua mostrando forte recuperação da economia paranaense

Veja o relatório da conjuntura mensal da economia elaborado pelos economistas Roberto A.P. Zürcher, Murilo de O. Schmitt e Maurilio L. Schmitt

21/10/2020

Os resultados das pesquisas conjunturais de agosto do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirmam a vigorosa recuperação da economia paranaense. Embora deva ser considerado que se trata de recomposição das cadeias produtivas e do consumo e que, após expressiva e inusitada queda – consequência da pandemia –, há forte crescimento e este que tende a diminuir de intensidade, paulatinamente, e por efeito estatístico.

Neste ensaio, mostramos a comparação dos meses de 2020 com a média de 2019 com o objetivo de ver quais setores já recuperaram o nível de atividade de 2019.

Indústria

No caso da indústria, embora 2020 ainda esteja 7,2% abaixo dos primeiros oito meses de 2019 (até julho a redução era de 8,7%), os dados evidenciam que julho e agosto apresentaram resultados acima da média de 2019. Para efeitos comparativos, a indústria brasileira apresenta redução de 9,5% na mesma base de comparação.

Assim, agosto ficou 9,0% superior à média de 2019, segundo mês consecutivo acima da média de 2019 após o início da pandemia.

Dentro da indústria, dos treze setores pesquisados pelo IBGE, quatro (até julho eram três) apresentaram resultados acumulados nos primeiros oito meses de 2020 superiores ao mesmo período de 2019: produtos alimentícios (10,5%), derivados do petróleo e biocombustíveis (4,9%), produtos de metal (4,3%) e minerais não metálicos (1,6%).

Em agosto, foram, então, dez setores industriais (dos treze pesquisados) acima da média de 2019, sendo que em junho foram apenas sete. Os únicos três setores que ainda apresentaram valores abaixo da média de 2019 foram celulose, papel e produtos de papel, com 2,2%; máquinas e equipamentos, com 26,7%; e veículos automotores, com 37,1%. Bens de capital e bens de consumo durável, dado serem típicos bens associados a decisões de investimento, tendem a ter sua recuperação mais demorada.

Comércio

O comércio varejista tem um comportamento semelhante ao da indústria. Junho mostrou pela primeira vez resultado superior à média de 2019, com aumento de 1,7%. Em julho subiu para 6,1% acima da média de 2019 e, agora, em agosto atingiu a 9,5%. Os primeiros oito meses de 2020, quando comparados com igual período de 2019, ainda demonstram  queda de 2,7%, equivalente à metade da queda verificada no Brasil (5,0%). O comércio de materiais de construção acumula retração de 1,2% sendo que os meses de junho a agosto foram superiores à média de 2019. O comércio de veículos, motocicletas, partes e peças acumula retração de 9,7%, mas, pela primeira vez desde o início da pandemia, apresentou resultado mensal superior à média de 2019.

Serviços

O setor de serviços é o mais afetado e é o que tem maior peso na composição do PIB. Comparado o período de janeiro a agosto deste ano com igual período de 2019, o setor de serviços apresenta a maior queda: 10,4%, superior ao registrado no Brasil (9%). O desempenho mensal de 2020 ainda está muito abaixo de 2019.

Os serviços prestados às famílias é o segmento que apresenta maior queda acumulada, com -38% (motivado, entre outros, pela queda na alimentação fora do domicílio). Seguem os chamados outros serviços (que englobam atividades imobiliárias, reparos de veículos e computadores, seguros e intermediação financeira, cartões de crédito, atividades auxiliares à produção agrícola entre outras), com queda de 10,3% nos primeiros oito meses de 2020. Também apresentam declínio, serviços de informação e comunicação (9,2%), transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (7,9%) e serviços profissionais, administrativos e complementares (6,3%).

Agricultura

Segundo o Departamento de Economia Rural da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, as atividades vinculadas ao setor primário da economia vivenciam um bom momento na produção de matérias-primas agrícolas. A safra 2019/20 foi 26% superior à safra 2018/19, embora a safra 2020/21 tenha previsão de ser 1% inferior à de 2019/20, atingindo 24,3 milhões de toneladas. Estas boas safras semeiam e irrigam renda para os demais setores.

Todos estes resultados mostram que a retração do PIB brasileiro não será tão grande quanto ao estimado no início da pandemia. O último Relatório Focus do Banco Central (09/10/20) estima uma queda de 5,03% do PIB em 2020 – em junho, a previsão era de retração de 6,5% – e um aumento de 3,5% em 2021.

Tenha-se em conta que a ausência de sincronia na recomposição das inter-relações das cadeias produtivas (industrialização e comercialização de bens e serviços) deriva, em grande medida, da existência de setores ainda não autorizados a operar e(ou) tendo que cumprir protocolos sanitários que reduzem sua capacidade de oferta, a par de movimentos de mudança de hábitos de consumo, desemprego elevado e incertezas quanto ao futuro.

 

Texto elaborado por Roberto A.P. Zürcher e Murilo de O. Schmitt, com a colaboração de Maurilio L. Schmitt, assessor tributário da Fecomércio PR.

 

Publicado por Karla Santin

21/10/2020 às 11:14

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