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Uma greve em que todos perdem

É assustador, mas a cada dois meses, em média, Curitiba sofre com uma greve de motoristas e cobradores de ônibus que não tem vencedores, só vencidos. Perdem os usuários, que não têm meios de se deslocar. Perdem os patrões, desfalcados de funcionários. Perdem os empresários do comércio, que veem cair o faturamento por falta de […]

09/12/2015

É assustador, mas a cada dois meses, em média, Curitiba sofre com uma greve de motoristas e cobradores de ônibus que não tem vencedores, só vencidos. Perdem os usuários, que não têm meios de se deslocar. Perdem os patrões, desfalcados de funcionários. Perdem os empresários do comércio, que veem cair o faturamento por falta de clientes.

Perdem as empresas concessionárias, para quem ônibus parado significa milhões de prejuízo. Perdem os governos, municipal e estadual, pelo desgaste político que as greves acarretam. Estes perdem também na arrecadação de impostos e na perda da prestação de serviços. E perde o país, porque mais automóveis nas ruas significa maior estresse, mais poluição e menos saúde para os cidadãos.

Com tudo isso, a população perde a paciência – e não sem razão. Consultas médicas já agendadas são perdidas por falta de transporte. O caos no trânsito aumenta, as faltas no emprego nem sempre não abonadas e a insatisfação cresce em um momento político-econômico em que as pessoas já enfrentam outras situações de insegurança.

Há, no mínimo, falta de sensibilidade dos envolvidos. O poder público retarda o repasse para as empresas. As concessionárias atrasam os pagamentos salariais e dão margem à greve. Motoristas e cobradores esticam a corda, tratando de resolver uma situação sempre precária. E nada se resolve.

A prefeitura alega que o sistema está no limite, talvez para justificar o aumento das tarifas. De novo penalizaremos a população usuária dos serviços e a cadeia produtiva do comércio.

A ameaça de greve paira sobre a cidade de forma permanente, como espada na nuca. Procrastinar a solução não interessa a ninguém, porque o transporte urbano em Curitiba encontra-se em visível decadência. De sistema modelo, já não ostenta a liderança nem mesmo no país, ultrapassado por cidades que não pararam de investir e hoje colhem os louros.

Do jeito que vamos, ainda chegaremos a 1960, quando caminhões do Exército foram obrigados a circular pelas ruas, com soldados puxando e descendo passageiros nas linhas desertas de ônibus. Greve ou locaute, para o cidadão o resultado é o mesmo: insatisfação, decepção, insegurança e desconforto.

O objetivo é que exista bom senso de todos os lados envolvidos. Os comerciantes, prestadores de serviços e turismo estão preocupados com as contas a pagar, como salários, luz, água, aluguel, impostos e fornecedores. Cada dia de greve corresponde a R$ 700 milhões que se deixa de vender na capital e Região Metropolitana. E o governo, quanto perde em ICMS e ISS, que deixam de ser arrecadados?

O comércio quer tão somente trabalhar. Com isso, mantém as empresas funcionando, garante empregos e contribui para o desenvolvimento. São mais de 100 mil empresas, com um número superior a 350 mil trabalhadores, todos sofrendo a angústia de uma situação que se arrasta. Uma lástima.

 

Darci Piana
Presidente do Sistema Fecomércio Sesc Senac Paraná

Publicado por admin

09/12/2015 às 11:58

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