O barreado foi o tema da segunda noite de palestras do Senac para o Festival de Inverno do Centro Histórico de Curitiba. No encontro, realizado no Sesc Paço da Liberdade, nesta quarta-feira (10), os instrutores do Senac Curitiba, André Kramer, Adriano Barrozo di Renzo e Eunedes Bordin, falaram da origem deste prato típico do Paraná, mais especificamente do litoral, e da variedade de receitas.

De acordo com Kramer, o barreado teve forte influência açoriana, com os cozidos e o fandango; do método de cocção, mandioca e cerâmica dos indígenas; e ainda dos tropeiros, que levavam a carne cozida em panelas fechadas em suas andanças pelo país. “O barreado está fortemente ligado ao contexto histórico. Não há uma origem única, mas vários fatores que levaram a sua criação e explicam a necessidade desse prato para a alimentação dos paranaenses”, explicou.

O nome do prato vem da expressão “barrear”, ou seja, o ato de criar uma massa à base de farinha de mandioca e água para vedar a panela onde será cozida a carne, geralmente músculo ou peito – carnes mais rígidas para aguentar o lento processo de cocção. Os índios misturavam cinzas a essa liga para torná-la mais resistente. Mas, segundo di Renzo, chef responsável pelo tradicional barreado de quinta-feira do Restaurante-Escola do Senac Curitiba, a adição de vinagre de álcool a essa mistura permite uma vedação ainda maior, capaz de gerar a pressão ideal na panela de cerâmica esmaltada. Ali os ingredientes ficarão em aproximadamente sete horas em fogo baixo.

“Infelizmente não temos a cultura de registrar as receitas paranaenses, fazendo com que tenhamos várias receitas de barreado. O Senac fez uma investigação, foi até o litoral do estado, para recriar uma receita mais fiel possível à original”, relatou di Renzo.

Para o instrutor Eunedes Bordin, a inclusão do barreado no cardápio de restaurantes de Curitiba e de todo o Paraná pode ser um excelente atrativo para novos clientes. “A proposta é interiorizar o barreado, para formar uma identidade gastronômica própria do Paraná e fomentar o turismo gastronômico”, avaliou.

Revitalização do Centro Histórico de Curitiba

Revitalizar, recuperar, valorizar pratos típicos e regionais do Paraná. Essa é a proposta do ciclo de palestras do Senac que faz parte da programação do Festival de Inverno do Centro Histórico de Curitiba, região que também passa por um gradativo processo de revitalização.

O assessor técnico da Fecomércio PR, Paikan Salomon, destaca que o festival faz parte de um projeto maior, o de Revitalização de Espaços Comerciais, realizado em Curitiba e que está ocorrendo também em outras cinco cidades do Paraná. “Esse processo de recuperação do antigo centro comercial da capital começou em 2005, quando foi assinado o termo de cessão do Paço da Liberdade, que depois de revitalizado se transformou em uma unidade cultural do Sesc”, conta. Na época, a Fecomércio e o Sebrae/PR fizeram uma pesquisa no entorno para identificar as necessidades dos estabelecimentos. Os empresários participaram do programa Varejo Mais, e os colaboradores tiveram cursos gratuitos do Senac.

Sobre o Festival de Inverno do Centro Histórico

Organizado pela Rede Empresarial do Centro Histórico, com o apoio do Sistema Fecomércio Sesc Senac PR, Sebrae/PR e da Prefeitura de Curitiba, o festival seguirá até sábado (13). As palestras do Senac também vão continuar. Por causa da greve geral, a palestra “Café com Mistura: o resgate de uma tradição lapeana” foi transferida para amanhã (12), às 18h. Na sequência, às 19h, a influência europeia na confeitaria curitibana será assunto para uma animada conversa no Sesc Paço da Liberdade.

No sábado, às 13h, no Bar do Alemão, o chef alemão radicado no Brasil, Heiko Grabolle, conduzirá uma aula show sobre a cozinha típica alemã, fazendo um contraponto entre a culinária tradicional e a contemporânea. O encontro marcará o início da Semana de Estudos e Pesquisa da Gastronomia Alemã do Senac PR, realizada de 14 a 20 de julho nas cidades de Curitiba, Caiobá, Foz do Iguaçu e Maringá, e que conta com a parceria do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar).